terça-feira, 3 de agosto de 2010

A contemporaneidade

Eu lia e relia, mas tudo continuava inalterado. As mesmas letras e códigos... Ficava frustrada, como era possível? Deixei aquela mensagem de lado, decidi me preocupar com outras coisas pendentes e aguardar o seu retorno. Horas se passaram enquanto me ocupava para tentar tirar por um tempo a mensagem enigmática.
- Boa noite.
Aquela voz... Finalmente o retorno e todas as dúvidas desapareceriam.
- Recebi sua mensagem.
- Huummm. Um "boa noite" seria agradável, além de adequado.
- Passei horas tentando entender... Tive dificuldade para fazer outras coisas.
- Huummm.
Decidi cumprimentá-lo, já que parecia insistir na educação.
- Boa noite.
O jantar já estava pronto e nem me dei conta da quantidade de louça suja deixada na pia. Percebi que entrar na cozinha depois de um dia difícil era desanimador.
- Não se preocupe. Vou lavar as louças, depois que jantarmos.
- Não estou preocupado com as louças sujas, muito menos com o jantar.
- Vamos jantar? Vou pegar o vinho.
Mecanicamente ele se sentou, olhou o prato e começou a comer. Abri a garrafa de vinho e servi duas taças. Comemos com aquele silêncio que pesava uma tonelada. O nervosismo tomou de conta e acabei disparando:
- O que houve?
- Nunca pensei que você poderia ser tão fria.
- Não estou sendo fria. Curiosa e nervosa, isso sim.
- Era uma declaração de amor...
De novo o silêncio, desta vez pesando muito mais que uma tonelada. Fiquei uns instantes pensando... Aqueles códigos todos significavam um tipo de declaração de amor??? Decidi ser sincera.
- O que dizia exatamente? Eu não entendi...
- Sabe que eu adoro quando você fica assim? Vamos... Eu te ajudo com as louças.

Um comentário:

Alfredo disse...

Cheguei aqui pelo blog do Douglas. Gostei da idéia do seu texto, embora não tenha conseguido vizualizar de maneira global a situação. Parece que peguei a história pela metade (verificarei isso lendo os posts antigos). Gostaria de saber quem diz a frase "- Não se preocupe. Vou lavar as louças, depois que jantarmos." já que pra mim não está claro se é ele ou ela. Além disso, embora textualmente ela tenha decidido ser sincera apenas no final do texto, no início ela diz: "- Passei horas tentando entender... Tive dificuldade para fazer outras coisas." o que me deu a impressão de que ela já havia sido sincera. Enfim, gostei da idéia.

Queria também ressaltar que a letra do blog é pequena e a fonte não é agradável para ler (talvez por ter serifa).

Voltarei aqui para novas leituras. Um abraço, Alfredo.